domingo, 27 de janeiro de 2013

O Paparico: The door to heaven!


www.foodmancingthegirl.blogspot.com

The cab driver's English is nearly non existent. I break out Google maps to show him where we are headed. He sets out across the streets of Porto at speeds not recommended outside of Formula 1. The cool Portuguese rain has kept a lot of the traffic off the streets, or perhaps it should be attributed to the New Year's Eve preparations. We arrive in a distant part of the city, no sign of our restaurant. The cab driver motions to an unmarked door. No, not that one, the one next to it. We knock. The door opens. We step into what will, 5 hours later, be one of our most beloved restaurants.


We arrived at 8 pm, as per our reservation. Silly us, this is Portugal. 8pm means 8:45-ish. The only other couple to arrive before then was....another American couple. No matter. The first thing the incredibly welcoming staff of O Paparico would stress is that we are entering their home. That means have a course. Get up, walk around. Sit on a couch and watch TV. Chit-chat with your neighbors. Enjoy the space. And what a space! Imagine walking into a 14th century castle's wine cellar. Heavy stone, rustic wood, a giant straw thingy The Girl names George. One of the most beautiful spaces we have dined in. 



First Course
Cod Fish Ceviche with corn bread,
onion, and cerefolium

Paired with 
White, Soalheiro Old Vinyerads, 2011, Vinhos Verdes

Bright, light, and subtly meaty cod with touches of garlic and cilantro. Paired with a beautifully floral wine. Clean and subtle dish with balance and easy elegance. The Girl and I begin the smile that will last all night. The easy drinking Vinhos Verdes is now one ofThe Girl's favorites. 


Second Course

Grilled Scallop
w/ coral butter and chorizo vinaigrette

Same pairing
Have you ever had that one perfect bite? That one, simple dish that you could spend the rest of your life reflecting on? For The Girl, this may be it. Using her fork to cut her scallop in ever smaller pieces, allowing her to linger over each bite. This perfectly cooked scallop, with a the unique flavor profile, paired with the wine show notes of smoke and bourbon. End result is a truly magnificent dish.



Third Course

Veal Terrine
w/ port wine sauce and fennel seed
Paired with
Sparkling, Vertice Millessime, 2007, Douro 


This ultra creamy and decadent terrine has rich, deep flavor. Constancy is perfect, and the port wine sauce adds a sweet note that mellows the taste. Combined with the sparkling wine, the effect is rich and cool, and both of us make short work of our dishes.




Fourth Course

Sea Bass
w/ quail egg and salicórnia and traditional Acorda
Same Pairing

First let me address the acorda. This traditional side dish is made from bread and fish stock, almost like a bread soup. The constancy is similar to mashed sweet potatoes. The taste is divine. The fish is expertly done, skin crisp, temperature perfect. The char of the green onion gives a backbone to the dish. The Girl is surprised; she likes charred green onions.




Fifth Course

Octopus
w/ baby onions and tomatoes in port wine sauce
aka The source of The Girl's nightmares

Paired with

Red, Conceito Bastardo, 2010, Douro




Watching the look of surprise develop on The Girl's face was well worth the price of admission. An octopus tentacle, done properly, is tender and mild, with a brine flavor that is refreshing. The only complaint would be a wish for more of the delightful sauce, nearly a caramel.



Sixth Course

Veal
w/Bone marrow and wild mushroom sauce, black truffle



Paired with

Red, Quinta do Mouro, 2006, Alentejo



See Second course. Change out The Girl for me. Cry when plate is empty.



Cheese Course

Cheeses from South, Central, and North Portugal
Goat, w/herb syrups


Same pairing



This course was fantastic for me. The Girl DOES NOT LIKE GOAT CHEESE!!!!! I love it. So, six slices of beautiful cheeses, beginning with a soft brie-like cheese with a coriander sage syrup. Moving to a slightly firmer cheese with roast paprika and parsley. The final cheese, with a nice firmness, and a vinegar and thyme syrup



Pre dessert

Ricotta cheese with pumpkin jam
carbonated candy



Paired with

Porto, Krhon Harvest de 83, Douro



Fun. This dish is fun. And so tasty. Every bite delicious and creamy. The Port......Truly amazing. This may not be a '61 but what beauty and depth.



Dessert

Chestnut cake

I wish I could tell you what this tasted like. I truly do. But there was NO WAY IN HELL either of us would be getting another bite down. Just not happening. Somewhere among all of this, we had a champagne toast and 12 raisins in the Portuguese tradition and made friends with those around us. We compared notes and shared in our marvel of the dinner this talented staff sent out.





.........But wait.....There is more to the story. How can that be? Well, it is now two AM and we need to get back to our hotel in city center. We call for our cab. And we wait. And we wait. And we wait. Finally, the owner grabs his keys and says, "Let's go!" He would just take us back himself. Turns out this isn't so out of character in Portugal. Need directions? Don't be surprised if the person you asks just stops what they are doing and takes you there. Oh Portugal, you GET hospitality!

I have spent two weeks reflecting on this meal. I wanted some distance to see how it would look in retrospect. I try not to gush, or be overly bombastic, to temper my reviews knowing that every experience may differ. Here are our feelings: O Paparico deserves to be recognized as one of the most incredible dining experiences on Earth. Michelin Stars WILL be in their future. Portugal, long overlooked for both it's food and wine, will soon be a major player on the international food scene. This restaurant will be in the forefront.



The Scores:
Ambiance- 5/5
Food- 10/10
Service- 5/5
Value- 5/5
Overall: 25/25 A Mind-blowing, once in-a-lifetime gastronomical experience that will leave you weak in the knees

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

COPOS IRREPREENSÍVEIS, TRATAMENTO DE TEMPERATURAS IMPECÁVEL E UMA EXTENSA CARTA DE VINHOS


Comida tradicional com um certo charme. Eis o segredo do Paparico, que de boca em boca se torna ele próprio um segredo mal guardado. No Porto mais pardacento, paredes de pedra crua contrastam com o calor de um acolhimento bem apoiado pelo aprumo dos fogões.

O Paparico é daqueles fenómenos de moda que começa de uma forma quase subversiva. De boca em boca, os amigos experimentam, gostam, recomendam, põem o “buzz” a funcionar. O boca em boca nestes dias pode bem ser um qualquer fenómeno “on-line” e as páginas de aconselhamento colectivo complementam os telefonemas dos amigos, as descrições mais ou menos eufóricas, os “tens que experimentar.” Assim desta forma, muito antes de chegar ao restaurante já se leva a lição estudada. Vislumbre da página internet do restaurante, para perceber a filosofia e o cuidado que põem na sua produção, ou seja, no compor do seu produto. Bem avisado dos pratos por encomenda logo apalavro alguns que me aguçam a curiosidade e o apetite.

Chegar ao restaurante, logo depois da Ponte do Freixo, traz-nos à memória as palavras do Carlos Tê na boca do Rui Veloso (salve!). O Porto é hoje uma cidade que se recompõe em serviços e multiplica em propostas, mas o timbre é ainda pardacento da patine da cidade industrial. E da sua luz própria, que pode ou encantar ou trazer nostalgia.

Fachada discreta de azulejo debruado a pedra, entrada para respirar mais pedra, tornada mais quente por um acolhimento que completa a simpatia da reserva ao telefone. O cliente está em primeiro lugar, a casa desfaz-se em cortesias e amabilidades, genuínas, não eivadas por vãos salamaleques. Há várias salas, como numa casa vulgar, estantes de madeira com livros que apeteceria ler, alguns de cozinha, outros que poderiam ter sido esquecidos por viajantes, uma decoração rústica que se prolonga às mesas e cadeiras em couro trabalhado, depois compensada por irrepreensíveis utensílios.

Talvez mais importante para o que me trouxe, a mesa está bem equipada de entradas de aspecto apetitoso. Não rejeito nenhuma, mas fica o leitor avisado de que depois é preciso coragem (é sempre preciso) para atacar os principais. Por ordem aleatória: tapa de salpicão (12€) deu direito a discussão, para mim era copita, da casa afiançam-me que era paiola. Boa e bem cortada, é o principal, e servida na perfeita temperatura para a gordura brilhar. Salada de bacalhau (6€) são lascas grossas muito bem demolhadas, servidas com umas tostas crocantes, ovas de salmão, cheiros e azeite. Fantástica a textura do bacalhau, muito bem a conjugação de sabores. Magnífica (não exagero) a terrina de vitela arouquesa (5€) com Porto. Uma bolinha de texturas delicadas, com uma calda de Porto, ervas aromáticas, sobre tostas de pão e azeite. Presunto alentejano (15€) enrolado com tostas de pão de sementes. Presunto a mostrar boa origem, mas sofrendo pelo corte grosso na fiambreira, em vez da faca afiada. A salada de polvo em molho verde (8€) mostrou um polvo saboroso, cozido na perfeição, com benefício de uma cebola apenas quebrada ao calor, a mostrar-se mordente, quase como um pickle. Queijo de Azeitão (5€) viria melhor no fim da refeição, mas os hábitos mudam, e a verdade é que ninguém lhe resistiu. O azeite da Quinta do Vale Meão mostrou-se um pouco evoluído, e em nada melhorou o queijo. O equilíbrio entre criatividade e simplicidade é muito bem conseguido nestas entradas, embora numa ou noutra haja espaço para melhorar, quer numa direcção quer noutra.

Só agora vemos a lista, acalmados pela fome já quebrada. O serviço de vinhos deve prestar mais atenção ao facto de as entradas estarem já na mesa, e ser uma tentação natural avançar para elas. Das entradas quentes ainda provei a gamba jumbo cozinhada ao vapor de algas do Atlântico (4,5€), muito perfumada e com cozedura no ponto, e a vieira grelhada com manteiga de coral e vinagreta de chouriço (5€), também cozinhada no ponto, e com o interesse adicional do “coral” da vieira ser incorporado em manteiga, compondo um molho bonito e saboroso. A vinagreta de chouriço parece-me desnecessária, embora o chouriço seja mantido num registo ténue que não marca o prato.

Chegado assim aos pratos principais, provei o robalo grelhado (peixe do dia, não listado, 20€), descrição talvez abusiva para um pedaço de excelente peixe que apenas passou pelo calor, mantendo todos os sucos e humidades, acompanhado por batatinhas e vegetais salteados e um molho suave marcado pelo vinho branco. Houve quem insistisse na tecla polvo, e em boa altura. O polvo da costa grelhado com batatas a murro, cebolinhas e tomate cereja em vinho do Porto (16€) mostrou todas as texturas que um tentáculo deve ter, desde a gelatina firme, à carne branca macia, passando por pormenores cuja descrição seria mais feia do que o seu explosivo efeito na boca. Batatinhas novas, com pele, notáveis de doçura e suavidade sedosa. Os micro apontamentos de cebola e tomate completam a amplitude deste prato.

A encomenda prévia de arroz de entrecosto (13€), bem como a generosidade das porções, minou o desejo guloso de percorrer as carnes. O entrecosto era de porco preto, bicho rico em gorduras saborosas mas algo difíceis de tratar. O trabalho foi feito no forno, e a longa série de pratos anteriores dificultou a vida na cozinha. O entrecosto vinha saboroso mas talvez excessivamente seco, e o arroz dourado passou um pouco do ponto, principalmente nas partes não tostadas. Mesmo com o arroz no ponto, acredito que este prato precisa ainda de afinação.

A pré-sobremesa vinha numa espécie de guarda-jóias em porcelana, e consistia de várias texturas de chocolate com uma folha de menta. Rica e deliciosa, mas talvez um pouco imponente para a função intervalar que lhe compete. Depois, um leite creme (4,50€) maravilhoso, queimado no momento com fina camada de açúcar. Toucinho do céu com gelado de limão (8€) um pouco desconstruído, com biscoitos de canela em forma de folhas, o creme de ovos com textura à-la-quindim a encimar o bolo rico de amêndoa britada. Melhor a apresentação do que o efeito final, por comparação com o original (ai os clássicos). Leve e interessante o gelado de iogurte natural com frutos silvestres (5€), com o gelado em apresentação perfeita de temperatura e cremosidade. Também interessante o requeijão da Serra da Estrela com doce de abóbora (5€), pela opção de tostar ligeiramente o requeijão, dando-lhe maior gama de sabores.

O proprietário Sérgio Cambas é a alma da casa e um apaixonado pelos detalhes de bem servir, incluindo aqui os vinhos. Copos irrepreensíveis, tratamento de temperaturas impecável, e uma extensa carta de vinhos com muitas coisas boas e a bom preço. Foi-nos servido um vinho branco que se apresentou algo evoluído, mas foi mesmo assim aceite. No final não foi cobrado, o que retrata bem o rigor posto pela casa na atitude perante os clientes. O serviço é atento e afável, com presença e ausência em bom equilíbrio. Está-se muito bem no Paparico, onde a atenção ao cliente se equilibra com o cuidado posto nos produtos e seu tratamento. O preço final pode ser um pouco elevado, mas a memória que perdura não é essa, antes a de uma noite bem passada onde nenhum mimo nos foi poupado.

Avaliação

[+] Excelente acolhimento, serviço carinhoso e cuidado.
[+]Cozinha tradicional actualizada com sabedoria e prudência.
[-]Fazem falta mais pratos de tacho na ementa.
[-]Um ou outro ponto precisa de mais mão.

in Revista de Vinhos